Uma mudança Cega [Jana]

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São Paulo, 07 de Novembro de 2009

Acordei.
Essa cidade é um trago interminável, respiramos muito mal aqui. Pelo menos estavamos fisicamente intactos, um em cada direção da cama. Dor nas costas, enjoo, olhos inchados. Pelo menos estávamos inteiros.
Entre uma respirada e outra, uma melancolia inexplicável. Essa São Paulo é dos sonhos desejos amores histórias Augustas e Consolações e gente querendo tirar de voce absolutamente tudo que voce tem peace of mind.
Descemos a Rua Augusta por pirraça, quando um não quer dois não briga.
Dormimos na praça Roosevelt, 15 reais o pernoite. Fedor.
A melancolia tende a ser expandida demasiadamente quando as ruas amplas cheias de sujeira & arranha céu estão vazia.
Sábado de manhã.
O furor do teatro abandonara a praça e ali restavam apenas os desavisados como nós, andando para metrô Republica ou qualquer outro que chegasse antes já que voce não confia que sim, eu sei andar no centro de São Paulo.
Eu não conseguia sentir raiva. Eu não conseguia sentir quase nada.
Estava anestesiada por um sentimento que mais tarde consegui identificar como perda, mas na hora era apenas uma manhã muito cinza.
O céu estava azul e foi nublando, já quando chegamos na Barra Funda o dia estava branco.
Coube muito branco naquela melancolia.

Você foi embora aí, então não me culpem os que estranham minha negação.

 

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